
NOTA DA PARADA DO ORGULHO LGBT+ DE SÃO PAULO SOBRE O USO DA BANDEIRA ARCO-ÍRIS
13 de fevereiro de 2023
Muito recentemente, em meio à pandemia, algumas empresas e pessoas da comunidade LGBT+ passaram a usar a chamada “bandeira do progresso”, formada por triângulos de várias cores (e por vezes outros elementos gráficos também) sobre o arco-íris, para substituir a mundialmente reconhecida bandeira do orgulho.
A bandeira do arco-íris foi criada em 1978 por Gilbert Baker na cidade norte-americana de San Francisco. Quando a idealizou, o artista usou “algo da natureza representando um direito humano” para expressar a diversidade e inclusão. Pouco tempo depois ela já era reconhecida como símbolo global para direitos LBGT+. Não há qualquer outra representação de um movimento identitário com tamanho reconhecimento ao redor do mundo.
A bandeira do arco-íris carrega nossa história, memória de lutas e conquistas. Mudanças são importantes e também fazem parte da história, mas quando empreendidas para incorporar avanços e através de concertação.
A chamada “Bandeira do Progresso” foi criada em 2017 pelo designer Daniel Quasar nos EUA com a proposta de fazer o símbolo LGBT+ mais “inclusivo” ao incorporar cores representando populações negra (marrom e preto) e trans (branco, rosa e azul). Em 2021 surgiu uma outra versão, acrescentando o amarelo e círculo roxo, representando as pessoas intersexo. As iniciativas são louváveis, mas vale mencionar que Quasar afirmou que sua criação não pretendia substituir a bandeira original.
Conceitos relacionados à diversidade, orientação sexual e identidade de gênero evoluíram ao longo do tempo para compreender e visibilizar diferentes sexualidades, vivências e corpos. Assim, grupos da comunidade LGBT+ sentiram a necessidade de afirmar presença e reivindicar representatividade. Para tal, lésbicas, bissexuais, pessoas trans, pessoas não-binárias, pessoas de gênero fluido, ursos, pansexuais, assexuais, demissexuais e outros coletivos identitários criaram suas próprias bandeiras que passaram a ser reconhecidas como símbolos de orgulho e diversidade dentro da diversidade.
E isso se deu sem que, em momento algum, propusessem substituir a bandeira arco-íris, que une e acolhe todas as identidades.
Sobre representar na bandeira arco-íris o compromisso fundamental do movimento LGBT+ contra o racismo, capacitismo, sexismo, etarismo, xenofobia e toda forma de discriminação, isso pode ser feito sem mudar nosso símbolo. Afinal, como representar tantas causas sem deixar outras de fora e causar exclusão?
Ao lado do compromisso da APOLGBT-SP de garantir que todas as identidades tenham espaço e possam se expressar, há o de valorizar e termos orgulho da bandeira arco-íris. Entendemos que ela seja a expressão de toda diversidade e há quase cinco décadas serve de lindo e forte guarda-chuva que nos une, abriga nossas pautas e visibiliza todas as nossas lutas e vitórias históricas em várias partes do mundo.
Viva nossa Bandeira Arco-íris.